Cuidado com o que você pede

Fim do ano, aquele nó na garganta de nervoso já virou uma renda de bilro de tanto que você já tentou deschavar, mas ele continua lá, como dizem por ai que brasileiro tem memória curta eu sempre revisito minha agenda do ano anterior para buscar alguma referência de como estava minha vida naquela mesma época do ano passado, para fazer um balanço pessoal para saber se evoluí, se amadureci, se consegui pagar minhas contas em dia, se consegui emagrecer, não sei se é bom ou ruim ficar nessa paranóia auto- referente, mas no fim o saldo é sempre positivo. Estou em crise neste fim de ano, e para minha surpresa esta mesma época do ano passado, eu estava ótimo, mais relaxado, já em clima de terminar o trabalho e descansar nas minhas pseudo férias. Daí que no ano passado aluguei um apartamento no Rio com alguns amigos, e claro meu fim de ano foi um fiasco, não posso fazer a linha adolescente mesmo não o sendo e alugar um quartinho pulguento em uma área erma do Rio de Janeiro para passar a virada do ano, tive que me recuperar do trauma sozinho e confesso que abortei muitas viagens em turma com medo de passar o que passei naquele saudoso reveillon.

Talvez eu seja um velho nojento, talvez não saiba me divertir, talvez eu odeie o Rio de Janeiro, talvez eu tenha viajado com companhias erradas, para estas duvidas ainda não encontrei respostas, nem as procuro mais porque na ordem de prioridade de duvidas elas estão muito atrás.

Enclausurado em minha crise, mareado pela febre, me peguei pensando no passado, quando ainda morava na casa dos meus pais e sonhava com o inicio da faculdade de moda, sonhava com o universo amplo de São Paulo, com a infinidade de pessoas interessantes que eu viria a conhecer, com as festas e os salões da sociedade mais badalados, recebendo os convites mais incríveis em casa. Confesso que tudo isto aconteceu rápido e com naturalidade.

E justamente por isso afirmo minha campanha junto a vocês amigos internautas:
-Muito cuidado com o que você pede!

Eu deveria ter pedido ser uma loira peituda, Americana, para morar em L.A e trabalhar em uma clinica de bronzeamento e ser aspirante à atriz, conseguir alguns papéis secundários, e depois de fazer algum bofe diretor, hidratar meus cabelos platinados e emplacar em algum filme de sucesso, logo aos 25 anos eu já teria uma fortuna em cachês e campanhas de cosmético, já teria me jogado em todas as festas da temporada, já teria vendido meu Mercedes branco, o qual atropelei uma velhinha, e também já teria saído da Rehab. Ainda assim eu poderia emplacar um romance com algum ator melhor que eu e assim conseguir mais visibilidade, mais cachês e mais campanhas, então eu abriria minha própria marca.

Seria este o caminho para o sucesso?

Beijo me não me liga hoje, porque estarei assistindo Sunset Tan.
R.